sábado, 21 de novembro de 2009

Campanha das mantas

O grupo Esquecidos da Sociedade, da escola Secundária Gama Barros -Cacém tem orgulho de apresentar a nossa Campanha de mantas!
Até Janeiro iremos angariar mantas/cobertores ou quem preferir dar um pequeno donativo que irá ser utilizado na compra de cobertores que irão ser entregues por nós com o apoio da instituição CASA aos Sem-Abrigo de Lisboa.


Para o seu coração quente ficar,
uma manta tem que doar!
Para entregar a sua doação contactar:
 esquecidos_sociedade@hotmail.com

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os pobres existem! E estão em toda parte.



Metade da população mundial vive com menos de 2 dólares por dia!
Na sociedade globalizada em que vivemos, não se respeita de uma forma geral a dignidade de uma pessoa. Somos considerados como um comprador em potencial e valorizados por aquilo que podemos consumir e obviamente dar lucro.

Os pobres existem! E estão em toda parte. É preciso dar-se conta da existência deles. Nós estamos para os pobres, como os Romanos estavam para os Bárbaros. Eles empenhavam-se em construir muralhas e enviar exércitos para as fronteiras para vigiá-los; nós fazemos a mesma coisa mas de outros modos.
O que podemos fazer efetivamente de concreto pelos pobres pode resumir-se em três palavras: amá-los, tratá-los com dignidade e socorrê-los.
Os pobres não merecem apenas a nossa compaixão, mas também merecem a nossa admiração, pois eles vivenciam a humanidade em situações limite. Do mesmo modo que no rally se testa o automóvel em condições extremas, os pobres vão a fundo nas capacidades do ser humano.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Coração Sem Abrigo - livro



Autor: Letria, José Jorge

Um homem torna-se num sem-abrigo, renunciando a tudo o que em tempos o ligou a pessoas, a lugares, a objectos e a lembranças. Resta-lhe, como companhia, um cão Labrador de pêlo negro, que conseguiu salvar de um canil municipal onde estava prestes a ser abatido.

As deambulações dos dois companheiros pelas ruas da cidade são também uma viagem afectiva pela geografia dos excluídos, dos que um dia de si mesmos se exilaram, por cansaço, amargura ou revolta, sem se libertarem da memória.

Coração sem Abrigo é uma história de solidão mas também de amor partilhado, contada na primeira pessoa por um homem sem idade e sem nome, que pode identificar-se com outros que a sociedade condenou à exclusão. Uma história que também fala da liberdade tantas vezes amarga de quem, não tendo tecto nem afecto, só presta contas à sua própria consciência.

Depois de publicar na Oficina do Livro, entre outras, as obras Amados Cães, Amados Gatos, Meu Portugal Brasileiro e O que Darwin escreveu a Deus, José Jorge Letria constrói agora uma narrativa de intensa humanidade e envolvente carga poética, que retrata a vida de um sem-abrigo e do seu companheiro de todas as horas, um cão chamado Lobito.

Pode comprar aqui: WOOK


Fonte: wook.pt
Postado por: Jéssica Ribeiro

sábado, 7 de novembro de 2009

A voz dos sem-abrigo





Ele perdeu o seu trabalho, família e esperança. Vive nas ruas e, na internet, encontrou um sentido para a vida e um meio de luta


Kevin Barbieux acorda às 4h45, arruma a cama, veste-se e caminha até um Burger King no centro de Nashville, no Estado americano do Tennessee. Come ovos com bacon e toma uma Coca Light ao pequeno-almoço. Lê um pouco – adora o mestre da psicanálise Carl Jung –, conversa com os colegas, passa por um café, fala com algumas pessoas e olha para os jornais do dia. Então vai para a biblioteca pública, e lá fica até à hora em que fecha, dividido entre livros e um computador ligado à internet. Todos os dias ele actualiza o seu blog, um diário que pode ser lido por qualquer cidadão que navegue na rede: www.thehomelessguy.blospot.com. Seria uma rotina banal, não fosse Barbieux, de 41 anos, um sem-abrigo.
Ele mora nas ruas e abrigos há duas décadas. Casou, teve dois filhos, mas não conseguiu manter 'uma vida normal'. Barbieux desconfiou de Deus e perdeu a fé em si mesmo, mas foi salvo pelos livros e pela tecnologia. Agora usa o seu blog, que teve mais de 100 mil visitantes em menos de três meses, para 'legitimar os moradores da rua, pedir que sejam tratados como seres humanos, com compaixão, aceitação e assistência'.



ÉPOCA – Como foi parar à rua?
Kevin Barbieux – Em 1982, resolvi deixar a minha cidade, San Diego. Vim até onde o dinheiro deu, Nashville. Não consegui trabalho e passei a dormir no carro. Quando o frio ficou insuportável, procurei um dos abrigos da cidade para os sem-abrigo.
ÉPOCA – Muitas pessoas ficam sem dinheiro e não vão morar na rua. Por que você fez essa escolha?
Barbieux – Ninguém escolhe viver na rua. Para mim foi algo inevitável, porque tenho distúrbio de ansiedade e dificuldades de aprendizagem. Não possuo as condições necessárias para cuidar de mim mesmo e viver de forma independente.
ÉPOCA – Os seus pais não o ajudaram?
Barbieux – Eles têm tão pouco interesse quanto compreensão sobre a minha situação. Não são pessoas instruídas nem generosas. Ter sido criado por esse tipo de gente deve explicar parte do meu problema.

'A cultura hedonista dos Estados Unidos torna difícil uma pessoa como eu encontrar o seu lugar. É uma existência solitária. Não foi por isso que me tornei um sem-abrigo. Desenvolvi esta visão por causa da vida que levo.'

ÉPOCA –Já teve emprego?
Barbieux – Um dos últimos foi num misto de loja e restaurante. Havia tanta gente no ambiente que eu não conseguia sentir-me no controle, ficava muito nervoso e aí tinha ataques de ansiedade. Transpirava e ficava sem ar, não conseguia falar. E aí ficava mais nervoso.
ÉPOCA – Como foi o seu casamento?
Barbieux – Eu e minha ex nos conhecemos nas ruas, mas ela nunca foi sem-teto. Com ela consegui levar uma vida 'normal' por um tempo. Mas o amor não durou e eu voltei para a rua. Deixei as crianças com ela. Não queria que elas se sentissem divididas.
ÉPOCA – Como acha que os seus filhos lidam com a sua condição?
Barbieux – Eles não sabem de nada. A minha ex-mulher evita qualquer tipo de assunto delicado, e essa é uma das razões pelas quais nos separamos.
ÉPOCA – Como começou a fazer o blog?
Barbieux – Participo num fórum de discussão na internet sobre a cantora gospel Sarah Masen. Alguém mencionou os blogs e eu resolvi fazer o meu.
ÉPOCA – Com que objetivo?
Barbieux – Sempre fui lento a ler, mau na gramática. Eu considero-me inteligente, mas não pude desenvolver-me na rede pública de ensino. Então tomei para mim a tarefa de melhorar a minha compreensão do mundo e de superar as minhas limitações, tornar-me mais sociável. Tentei fazer um jornal para os sem-abrigo, que durou apenas dois números, o que despertou em mim o gosto pela escrita. Há alguns anos mantenho um diário pessoal. Numa instituição fiz um curso de um ano que me ajudou a ler melhor.

'Muita gente vê-me como uma grande ameaça, porque defendo os direitos de quem vive na rua e não tem acesso a nada. A minha simples existência contradiz a percepção de realidade dessas pessoas. ‘


ÉPOCA – O que é mais difícil de explicar?
Barbieux – As pessoas vêem o tema em preto e branco, mas há muitas nuances. Alguns acreditam que os sem-abrigo são quem moram na rua. Mas, se passar as noites numa, é lá a sua casa? E morar por favor? Eu, por exemplo, às vezes durmo em abrigos, mas, quando não encontro vaga ou chego depois do horário, fico nas ruas mesmo

Escrito por: Paula Mageste
Adaptado ao Português (Portugal) : Jéssica Ribeiro 
 


Reportagem Uma noite com os sem-abrigo

O cacau quente conforta o estômago e aquece o corpo, mas são as conversas, os desabafos escutados pacientemente pelos voluntários, que dão alento ao espírito. Ali todos se conhecem, e às quartas-feiras, quando passa a unidade móvel dos Médicos do Mundo, a Praça da Alegria, em Lisboa, sem tecto nem paredes, quase parece uma casa.

Os Médicos do Mundo criaram o projecto Noite Saudável em 2001 para ajudar uma população cujo número real ainda não é perfeitamente conhecido. Sabe-se que, em 2004, um estudo da câmara de Lisboa determinou existirem 931 sem-abrigo em Lisboa. Tanto que o Instituto da Segurança Social está a fazer o primeiro levantamento a nível nacional, cujos resultados devem ser divulgados em 2006.
Todas as quartas-feiras, das 20.00 às 24.00, a unidade móvel dos Médicos do Mundo estaciona a carrinha na Praça da Alegria. Naquela noite, a novidade é o cacau quente. E, tão ou mais importante que os cuidados de saúde prestados a cada um que ali se abeira, é a confiança que se estabelece e os sorrisos que se arrancam a quem nada tem. "Para nós não são os sem-abrigo... são o António, o José. Conhecemo-los e é importante que saibam que podem contar connosco", diz Paula Fernandes, responsável pelo projecto.
Cabe sempre mais um
O ambiente é familiar, todos se tratam pelo nome, como se fossem vizinhos desde sempre. Mas nem por isso os novos inquilinos são olhados com desconfiança ou postos de parte. "Se não puser problemas, qualquer um que venha é bem aceite. Por isso estamos cá todos", diz Pedro Nóbrega, que vive num banco da praça há mais de dez anos. É difícil saber com certeza o que o trouxe para a rua. As frases são confusas e sem muita ligação, intercaladas com momentos de um silêncio pesado. "Desorientei-me por causa de uma mulher e, por isso, estou com os camaradas. Mas tenho um filho de 16 anos e ainda hoje somos amigos".
Depois da separação começou a viajar. Foi imigrante em Espanha, França e Alemanha, países para onde ainda vai trabalhar de forma sazonal. "Lisboa é uma grande cidade, mas também muito pequenina para nós. Não chega para ganhar dinheiro". Mesmo assim, "nunca precisei de esmolas de ninguém", diz com orgulho. Ao filho, "nunca lhe faltou nada. Parte do que ganho é sempre para ele", diz. Nos intervalos deste vai e vem constante pela Europa, a rua é sempre o hotel escolhido. "Sempre que venho telefono à família para saber se está tudo bem. E depois fico por aqui, a curtir com eles", diz apontando na direcção dos bancos de jardim.
Fugir da solidão
Mas não são só os que vivem na rua que dão vida a esta praça. "São cada vez mais os idosos que encontramos à noite. Vivem sozinhos e esta é uma oportunidade de saírem do isolamento", diz Paula Fernandes. É o caso de Avelino Marques que todas as quartas-feiras vem à unidade móvel dos médicos do mundo para medir a tensão. Não é sem-abrigo, mas o dinheiro também não abunda - à reforma de 210 euros tira-lhe, todos os meses, 195 para pagar o quarto onde vive. Aos restantes 15 euros junta-lhes mais 100 que a Misericórdia lhe dá e assim vai vivendo. De segunda a sábado, faz as refeições numa das dependências da Santa Casa, na companhia de mais idosos em situação semelhante.
Um dia, há uns anos, teve que sair de casa para tratar da mãe, que adoecera. "A minha mulher não queria a minha mãe lá em casa, e eu tinha que tratar dela... tive que sair." Hoje vive sozinho. Há sete anos que não falava com a filha, contacto que reatou há pouco tempo. Em breve vai partir para a Alemanha, onde a filha é imigrante, e reencontrar o que lhe resta da família. Mas não por muito tempo. "Vou só por um mês, depois volto para cá. Estou é com medo da viagem de avião... e logo eu que andei tanto de avião!"
Assim que acaba de falar o rosto transfigura-se. Os olhos pequeninos brilham mais, o sorriso doce ganha a dimensão de um sonho, e as palavras saem em catadupa, naquele tom de voz de contador de histórias à volta da lareira. Um olhar mais atento e o pin em forma de bola de futebol na lapela do casaco verde denuncia-o. Marques foi jogador de futebol. "Do Sporting", diz com orgulho. "Era defesa esquerdo e chamavam-me o homem do lencinho por jogar sempre com um lencinho. Ganhei quatro campeonatos, duas taças de Portugal e uma Taça do Século".
Mais do que do presente, das dificuldades que tem ou não, é destes anos de glória que Marques gosta de falar. Ainda conheceu a equipa dos famosos cinco violinos - Vasques, Albano, Travassos, Peyroteo e Jesus Correia - que encantou por essa Europa fora. "Era com o Travassos que me dava melhor. Um dia estávamos no jardim do Campo Grande a jogar à bola e fomos presos - naquele tempo nem podíamos jogar à bola. Fomos para a esquadra do Campo Grande mas quem lá estava era o chefe Camilo, um grande sportinguista, que nos deixou sair logo." Podia estar horas a falar do tempo de futebolista e isso nota-se. Desfia cada memória ao pormenor, e o olhar perde-se na saudade. Hoje ainda vai ver todos os jogos a Alvalade, porque tem cartão vitalício, de acesso gratuito. "Mas já não é a mesma coisa", lamenta.
Viver os dois lados
Micola é voluntário dos Médicos do Mundo há dois anos. Veio da Ucrânia há cinco para fugir da pobreza. "A gente lá não sabe nada de Portugal, mas quando se abriram as fronteiras todo o mundo fugiu da pobreza o mais que pôde. E depois de Portugal já não há para onde fugir, é só oceano", diz meio a brincar meio a sério. Micola não tem mais de 30 anos. O rosto redondo, os olhos azuis e o sorriso permanente, dão-lhe um ar bonacheirão e bem disposto. No seu país natal trabalhava "para o governo, era assistente de deputado no Parlamento", aqui, quando chegou, veio trabalhar "de picareta e pá". Fugiu da miséria, mas a realidade que encontrou não foi bem a que sonhara - o patrão não lhe pagava e, em pouco tempo, estava sem emprego. "Nunca dormi na rua, mas cheguei a apanhar comida do lixo." E foi numa das noites em que tentava encontrar alguma coisa para comer que um estranho teve um gesto que Micola não esquece. "Era perto do Natal e vi alguém aproximar-se a dizer 'prenda, prenda'. No início tive medo, mas depois ele deu-me uma garrafa de vinho e um pouco de tudo o que se come no Natal." Ainda hoje, quando fala do assunto, os olhos muito azuis de Micola se comovem. "Não me conhecia. Viu-me da janela procurar comida no lixo e, só por bondade, veio ajudar-me."
O voluntariado apareceu meio por acaso na vida deste imigrante. "Eu estava na igreja e veio a enfermeira Fátima pedir-me ajuda para traduzir um estrangeiro que ela não percebia. Ela é uma senhora muito especial. Tem 63 anos, mas é muito enérgica, rápida, é uma enfermeira de guerra. É uma pessoa muito feliz e magnética... fiz-me voluntário quase de imediato". Agora conduz a unidade móvel dos Médicos do Mundo e ajuda nas traduções com os imigrantes de leste.
Hoje a realidade é outra, Micola já tem outro emprego, numa empresa de aspiração central e, por isso decidiu partilhar com os outros o que lhe sobra - tempo. "Trabalho das 6.00 às 24.00. Assim nem tenho que pensar no que fazer com o tempo livre. E ajudar é sempre bom", diz com uma gargalhada.

Fonte: Diário de Noticias
Redigido por:  Joana Rei
Em: 30 de Outubro de 2005

Postado por: Jéssica Ribeiro

Os Sem-Abrigo

 

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Ruas da Amargura"


O filme está em exibição nos seguintes locais:
- Almada Fórum -13h05 15h50 18h25 22h00 00h25
- Amoreiras - 13h10 15h40 18h20 21h10 23h40
-Dolce Vita Porto - 12h50 15h40 18h15 21h10 23h40





Quando o jornalista Steve Lopez vê Nathanlel Ayers a tocar de forma tão sentida o seu violino de duas cordas no Skid Row de Los Angeles, fica estupefacto. A princípio, é atraído pela oportunidade de fazer dele o tema de mais uma das suas colunas para o Los Angeles Times, Mas o que descobre sobre o misterioso músico das ruas deixa-o fascinado. Há trinta anos, Ayers tinha sido um promissor aluno de contrabaixo da Juilliard School até que foi vencido por um esgotamento mental. Quando Lopez o encontra, Ayers está sozinho, profundamente perturbado e desconfia de toda a gente, mas ainda é possível vislumbrar nele resquícios desse brilho. Os dois homens aprendem a comunicar através da música. A sua amizade vai passar por momentos dolorosos, pois Lopez imagina-se capaz de convencer Ayers a abandonar as ruas de Los Angeles.





quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Reportagem SIC - Vida de Sobras, os sem-abrigo em Portugal



Reportagem SIC - "Vida de Sobras", uma reportagem comovente sobre a difícil vida dos sem-abrigo em Portugal e Lisboa. Nesse documentário tenta-se demonstrar a extrema pobreza de pessoas, portugueses ou imigrantes, que vivem nas ruas ou em situações de grande carência, não tendo dinheiro para comprar comida e alimentando-se das sobras da sociedade (lixo), sendo ignorados e maltratados.
- É importante que a sociedade desperte para este grave problema social, económico e cultural, e ajude pessoas carenciadas.

 Vê o video AQUI

Fonte:  video.google.com

Os Sem-Abrigo em Las Vegas



O número de sem-abrigos não pára de aumentar!
Cada vez mais famílias perdem a sua casa e são forçadas a viver na rua. Os centros de apoio servem agora, cerca de 800 refeições por dia.




Fonte: The New Face of Homelessness in Las Vegas - News 3 KVBC Las Vegas,
Publicado em: 5 de Outubro de 2008

Homeless



Número de sem-abrigo atinge o record em Nova York, devido à crise!
Vê o video AQUI

Sem-Abrigo



Olhamos para eles
e sentimo-nos incomodados.

Incomodados e impotentes.

Podemos aliviar a consciência
com uma moeda.
Ou com comida.

Ficamos aliviados mas não curados.
Há qualquer coisa que continua a roer
por dentro.

A culpa não é nossa.
Individualmente.
Se calhar nem deles.
Individualmente.

É bom que nos sintamos incomodados.

Será ainda melhor
se fizermos alguma coisa.
Alguma coisa significativa.
Alguma coisa que os alivie.

E também alguma coisa que evite
o aparecimento de outros como eles
(eventualmente nós próprios).

Fonte: semabrigo.no.sapo.pt

Existem 60 sem-abrigo




- Jardim Ramos apresentou Plano que tem a inclusão social como objectivo principal

O secretário regional dos Assuntos Sociais, Francisco Jardim Ramos, divulgou ontem o Plano Regional para Pessoas Sem-Abrigo que tem por objectivo a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida de quem vive nas ruas. Neste momento, existem 60 sem-abrigo, sendo que 47 não têm tecto e 13 pernoitam no alojamento temporário. Até 2011, terão de estar no terreno 37 medidas, uma das quais a monitorização de cada caso.

- "Convencer as pessoas a sair da rua será árduo, mas tem de ser feito!"
- "Alcoolismo e desemprego lideram causas."

Fonte: jornaldamadeira.pt
Publicado em: 4 de Novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"As Ruas da Amargura"


Documentário com direcção de Rui Simões.

Com data de estreia : 05 de Novembro de 2009



Resumo do filme:
As Ruas da Amargura são povoadas por homens e mulheres, de todas as idades, com carências afectivas, financeiras, problemas mentais, alcoolismo, toxicodependência, ou simplesmente pessoas que chegaram a Portugal à procura de uma vida um pouco melhor. Do outro lado das Ruas há um formigueiro de voluntários, assistentes sociais e técnicos diversos que constroem e mantêm estruturas de apoio, uns pensando em dias melhores, outros institucionalizando a ajuda sem acreditar que o fenómeno possa ter cura.


Fonte: cinema.sapo.pt

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Miss Sem Abrigo

Foi eleita "Miss Sem Abrigo", em Bruxelas. Chama-se Thérèse Van Belle e com mais 9 candidatas participou no concurso, na Belgica. Vivia na rua, mas com o prémio que ganhou, vai poder viver numa casa sem pagar nada, durante um ano. Um concurso renhido, que ajudou Thérère a conseguir passar da pobreza de viver na rua, para uma vida confortável.

Joana Pereira

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Os Sem-Abrigo em Lisboa







1 de Fevereiro 2009 20:45h – tempo chuvoso

Dois homens vagueiam à noite pelas ruas de Lisboa e vêm o esperado: Sem-Abrigo.
Relatam neste vídeo (captado a partir de um telemóvel) as condições em que dezenas de pessoas dormem em plena Capital de Portugal.
O mais irónico é eles “estarem a passos da Câmara Municipal de Lisboa e terem sido alvo de “guilhotinadas de água”, para os afugentar dali.
Parece que ninguém se interessa por eles, nem os meios e causa pública tudo por uma questão de imagem do país e que são as instituições dos mais desfavorecidos que gerem Portugal, são eles que têm de tomar providências e não os governantes.

“ Não sei como os nossos Governantes conseguem dormir descansados à noite”

Os Sem-Abrigo são seres humanos, são pessoas e no entanto não conseguem atingir um ponto de dignidade devido a quem governa.

“Impressionante, Inaceitável (...) incrível”

Eles passaram à frente da Sede do CDS/PP, esquadra de Policia e pela Casa do Actual Primeiro Ministro José Sócrates e em todos estes sítios se encontraram Sem-Abrigo.

“ O Poder politico não quer reconhecer a existência dessas pessoas”

Os Sem-Abrigo muitas das vezes (a grande maioria das vezes) não têm condições de higiene, comida, um tecto, passam frio e isso, passa ao lado na sociedade.

“Não é isto que os Portugueses querem para Portugal”

É preciso agir, mas as pessoas estão demasiado confortáveis e a viver a sua vida cómoda para se preocuparem com os que realmente precisam de ajuda!

Já pensaram se um dia são vocês a ter um problema e ninguém vos ajuda? E pensam: eu fiz o mesmo, porque me haveriam de ajudar?

“ Não há adjectivos para classificar este tipo de comportamento”

Há que agir!

“1ª década do século XXI, o modo como Portugal está entregue a um conjunto de pessoas que não merecem o mínimo de respeito.”

Jéssica Ribeiro

Jovens andam nas ruas uma vez por mês, à noite, a apoiar indigentes




2009-03-28



JOÃO PEDRO CAMPOS
Um grupo de estudantes da Universidade de Coimbra sai à rua uma noite por mês para ajudar cerca de 40 sem-abrigo, com comida, roupas e cobertores. Os alunos vêem o contacto com a rua como "um mundo paralelo".
A expressão é de Rita Rocha, estudante de Medicina e coordenadora-geral do pelouro da Intervenção Cívica da Associação Académica de Coimbra (AAC), principal impulsionador da iniciativa "Refeição (de)Vida". "A primeira vez que fiz esta ronda foi muito difícil, um choque muito grande. Agora já parece mais normal", explica a jovem.
Rita é um dos três elementos da AAC que, juntamente com duas pessoas da Associação Integrar, fizeram a segunda ronda mensal da "Refeição (de)Vida", anteontem à noite. A iniciativa é, no entender do presidente da AAC, Jorge Serrote, "uma preocupação social da associação, ainda mais num ano em que a crise vem agudizar a situação". O projecto conta com o apoio dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra e da Secção Gastronómica da AAC.
Por volta das 20 horas, a equipa conjunta da AAC e da Associação Integrar parte do Centro de Acolhimento da Associação, na Rua do Brasil. Na bagagem, vai uma panela de sopa, várias embalagens com arroz e atum, pão, café e pastéis. A primeira paragem é o Terreiro da Erva, em plena Baixa, onde são recebidos por mais de uma dezena de utentes. "Fazemos muito a zona da Baixa, mas também outras, como Celas, Eiras e a Conchada", conta, ao JN, Rita Pereira, da Associação Integrar, completando que fazem outros locais, quando solicitados. "Não viramos costas quando é solicitada ajuda", sublinha. Para além da ronda mensal com a AAC, a Integrar faz giros nocturnos regulares pelos sem-abrigo, levando comida, às terças e quintas-feiras, e quinzenalmente ao domingo.
A relação dos elementos da Integrar com os utentes já é de proximidade. Numa perpendicular à Rua da Sofia, a equipa passa para ajudar um utente já conhecido. "Já esteve na nossa Casa Abrigo, mas saiu porque disse que não gostava de estar preso a regras", conta Rita Pereira. O homem não perde a boa disposição, sempre com anedotas e histórias novas.
"Muitos passam por nós durante o dia e cumprimentam-nos, muitas vezes nem se sabe que são sem-abrigo", afirma Isabel Fernandes, da Integrar. Explica ainda que há casos de sucesso entre os utentes. "Quando vão para o Centro de Acolhimento, ao fim de seis meses são incentivados para o mercado de trabalho", conta.




Fonte: Jornal de Notícias

Mulheres sem-abrigo ainda mais discriminadas

Relatório da Fundação AMI descreve "vítimas de pobreza extrema"

2009-06-22

As mulheres sem-abrigo de Lisboa são mais jovens que os homens, estão desempregadas ou têm trabalhos sem descontos para a Segurança Social, diz um estudo da Fundação AMI, que aponta para uma condição de "dupla discriminação"
"A pobreza coloca-as numa situação de dupla discriminação em relação à maioria das mulheres", aponta o estudo, sublinhando que "na vida destas mulheres a família ou o Estado não tiveram um papel protector ou gerador de autonomia".
Segundo a investigação, "este perfil de mulher não se enquadra em nenhum modelo social", vivendo uma situação de "nudez social". "Ela é vítima de pobreza extrema, uma espécie de fim de linha, na vida dela quase tudo falhou", refere.
O estudo, elaborado pela investigadora Ana Ferreira Martins, da Fundação da Assistência Médica Internacional (AMI), venceu o prémio municipal Madalena Barbosa, de promoção da igualdade de género.
A investigadora entrevistou os utentes dos centros da AMI de Lisboa, em Chelas e Olaias, entre Janeiro de 2003 e Dezembro de 2006.
O estudo confirma as conclusões de investigações anteriores segundo as quais as mulheres são minoritárias na população de rua: no período analisado, a procura de mulheres aos serviços da AMI representou 20 % dos utentes.
O número mais elevado de mulheres que recorre aos apoios sociais da AMI encontra-se na faixa entre os 21 e os 39 anos, em contraponto com os homens, que têm sobretudo entre 30 e 49 anos.
As mulheres sem-abrigo apresentam percentagens ligeiramente superiores em relação aos homens de integração profissional, sobretudo tarefas pontuais de limpeza, que estão contudo fora do mercado de trabalho legal, sem fazer quaisquer descontos para a Segurança Social.

Fonte: Jornal de Notícias

Sem-abrigo: Projecto inovador vai retirar 50 pessoas das ruas de Lisboa e ajudá-las a mudar de vida

2009-09-16

Lisboa, 19 Set (Lusa) - Meia centena de pessoas sem-abrigo a viver há muito tempo nas ruas de Lisboa vão entrar num projecto inovador que lhes dará primeiro uma casa digna para morarem e depois as ajudará a comandar as suas vidas sozinhas.
O Projecto Casas Primeiro, que arrancou este mês, prevê apoios ao arrendamento e acompanhamento para 50 pessoas sem-abrigo e com doença mental da cidade de Lisboa.
A equipa, coordenada pelo professor José Ornelas, da AEIPS e do Instituto de Psicologia Aplicada (ISPA), vai desenvolver o projecto ao abrigo de um protocolo entre o Instituto de Segurança Social e a Associação para o Estudo e Integração Psicossocial (AEIPS).

Fonte: Jornal de Notícias

Mais «pobreza envergonhada»









Caritas de Braga registou, em 2008, um aumento de 150 pessoas com problemas

    09-03-2009




A Caritas de Braga registou, em 2008, um aumento de 150 pessoas com problemas de pobreza, número que tem crescido sempre nos últimos anos, disse, esta segunda-feira, à Lusa fonte do organismo.
José Pinto Dias, director da instituição, adiantou que o aumento do número de casos tem ligação com a chamada «pobreza envergonhada».
«Há pessoas que, com a actual crise, se sentem obrigadas a recorrer a apoio social, porque não têm outro remédio», sublinhou.
Em 2008, a Caritas serviu 5.573 refeições e deu apoio a 2.553 beneficiários do Projecto Atena, iniciativa que tem como objectivo promover a inclusão e a melhoria das condições de vida de grupos específicos particularmente confrontados com situações de exclusão, marginalidade e pobreza persistente.
O organismo atendeu 897 pedidos no roupeiro social, proporcionou 814 banhos nos balneários, prestou auxílio a 68 vítimas de violência doméstica, fez 21 empréstimos de camas e ajudou 18 beneficiários num projecto de formação.
Fez, ainda, 19 empréstimos de cadeiras de rodas, dois de canadianas, e realojou três pessoas sem-abrigo.
Angariação de fundos
A Caritas da Arquidiocese de Braga da Igreja Católica inicia esta segunda-feira um conjunto de acções de divulgação e angariação de fundos, no âmbito da Semana Nacional da Caritas, que, este ano, tem por lema «Se não tiver caridade, nada sou».
A estrutura, que vive sem apoio estatal, vai colocar uma tenda no centro da cidade de Braga, para receber as pessoas e mostrar-lhes o trabalho realizado e recolher donativos.
«Decidimos não fazer o tradicional peditório de rua, porque sentimos que as pessoas reagem mal», frisou.
José Pinto Dias anunciou também que a Caritas prepara o lançamento, a curto prazo, de um centro de apoio social, a Casa Alavanca - uma estrutura de resposta a situações urgentes de pobreza, que ficará sedeada no centro urbano da cidade.
A iniciativa de criação da casa partiu do Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, abordada na Mensagem para a Quaresma, onde propôs um «espaço capaz de recolher, durante todo o ano, tudo o que seja útil aos pobres (material) e que, para nós, seja desnecessário».
Ampliar refeitório
Esta nova valência vai possibilitar a ampliação do Refeitório Social bem como a criação de um local para acolhimento temporário de vítimas de violência doméstica.
A actividade da instituição visa também a distribuição periódica de géneros alimentares, medicamentos, fraldas de adulto e bebé, leite e enxovais de bebé e gás, de pagamentos de água, electricidade e rendas e ajuda na compra de próteses, viagens e óculos.

Fonte: TVI 24

Lisboa «preocupada» com os sem-abrigo

Distribuição de agasalhos e cobertores fazem parte dos planos de contingência contra o frio

Por: Redacção /AF  |  27-11-2008  
Vaga de frio na Europa
As equipas de rua de apoio aos sem-abrigo de Lisboa estão a ter cuidados adicionais, como distribuição de agasalhos, apesar de não se justificar accionar o plano de contingência do frio, informou a vereadora da Acção Social, noticia a agência Lusa.
«As equipas de rua, que reuniram hoje, estão com atenções especiais, como o reforço da distribuição de agasalhos», disse a vereadora Ana Sara Brito (PS).
A directora do departamento de Acção Social, Filomena Marques, acrescentou que além da distribuição adicional de cobertores e agasalhos, são igualmente distribuídos alimentos mais calóricos e quentes.
O plano de contingência em caso de vaga de frio só é accionado quando o concelho está abrangido por um alerta laranja, o que não é o caso de Lisboa, que está como todo o distrito em alerta amarelo, explicou a responsável.
A autarquia está a acompanhar, contudo, diariamente, as temperaturas enviadas pelo Instituto de Meteorologia de manhã e à tarde, conforme é definido pelos procedimentos a adoptar em caso de alerta amarelo.
Para accionar o plano de contingência é igualmente necessário que as condições meteorológicas obedeçam a um índice científico (índice Wind-Shield), que resulta da conjugação entre a temperatura, velocidade do vento e humidade do ar.
Para o cálculo deste índice, é levada em conta uma temperatura inferior a quatro graus centígrados durante dois ou mais dias consecutivos, bem como níveis do vento e humidade.
O plano de contingência é definido pela Câmara Municipal, através dos serviços de Acção Social e Protecção Civil, e envolve igualmente as instituições de solidariedade social que trabalham com a população sem abrigo.
Os distritos de Vila Real, Bragança, Guarda, Leiria e Évora estão esta quinta-feira com aviso Amarelo devido ao frio, de acordo com o Instituto de Meteorologia.
O distrito de Lisboa está em alerta amarelo, com temperaturas mínimas de sete graus e máximas de quinze, prevendo-se para sexta-feira temperaturas mínimas de nove graus e máximas de quinze.
A população sem-abrigo de Lisboa é constituída maioritariamente por homens, alcoólicos, com idades entres os 35 e 44 anos, fixados sobretudo nas freguesias dos Anjos e do Socorro, segundo um levantamento da equipa de rua da autarquia, a que a Lusa teve acesso em Maio.
Foram identificados 1187 sem-abrigo ao longo do ano de 2007, contactados pelas equipas de rua ou em atendimento social, a esmagadora maioria são homens (83 por cento), e têm entre 34 e 44 anos (26 por cento), 25 e 34 anos (22 por cento) e 45 e 54 anos (21 por cento).
O alcoolismo afecta 49 por cento dos sem-abrigo, que são igualmente vítimas de toxicodependência (32 por cento) e de problemas mentais (20 por cento).

Fonte: TVI 24

Lisboa: mais camas para sem-abrigos

Plano da Câmara, Santa Casa da Misericórdia e Segurança Social propõe criação de residências de transição

Por: Redacção /PP  |  18-06-2009  09: 43
Um trabalho elaborado para a pessoa sem-abrigo da Rede Social de Lisboa, em que participam a Câmara, a Santa Casa da Misericórdia e a Segurança Social, entre outros parceiros, criou um plano que sugere a criação de mais residências de transição, escreve a Lusa.


De acordo com o documento a que a agência Lusa teve acesso, até ao final de 2010 deverão ser criados um centro de emergência com uma estrutura de acolhimento e residências de transição com acompanhamento técnico. O plano é apresentado como «um primeiro esforço conjunto das entidades que intervêm com a pessoa sem abrigo na cidade de Lisboa».
Zonas de maior concentração
Outra das propostas é que também até ao final de 2010 estejam identificadas as zonas de maior concentração de sem-abrigo para a localização de núcleos de apoio local.

Fonte: TVI 24

Boneca «sem-abrigo» causa controvérsia Gwen (custa 95 dólares)

É por vezes bem ténue a linha que separa um alerta do puro mau gosto. Que o diga a «mãe» da boneca Gwen, uma «sem-abrigo» da marca American Girls que custa 95 dólares, e cujo dinheiro não reverterá para obras de caridade, revela o «Huffington Post».
Há cerca de 7.000 e 10.000 crianças sem-abrigo na cidade de Los Angeles.


Fonte: TVI24

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Crianças sem-abrigo







"Todos precisamos de uma casa."


"O que é que eu fiz mal?"



" Estima- se que há 100 milhões de crianças a viver nas ruas, agora, em tudo o mundo. Ajudem-as a encontrar uma casa." Save the Children

(organização não governamental)


Campanha inesperada


Esta nova campanha da VITAE consiste em colocar uma imagem de um sem-abrigo, nas tampas dos caixotes do lixo para alertar as pessoas da existência deste grave problema social.
A frase : "Ajuda. Para que ninguem venha aqui procurar comida.", acompanha esta imagem, da última campanha da Vitae Shelters by Ambient Media, alertando assim as pessoas de uma forma mais chocante e inesperada.

sábado, 17 de outubro de 2009

Sem abrigo

"Já toda a gente tropeçou neles. Às vezes com nojo, quase sempre com desconforto, normalmente com alguma coisa a arranhar até ao fundo da alma!
Mais que deprimente, é chocante o espectáculo da degradação humana socialmente adquirida. Mas se é chocante ver essa gente que bateu no fundo da condição social não é menos emocionante encontrarmos pessoas, homens e mulheres, que já sem condições nem meios, tentam ainda manter um resto de dignidade antes do colapso final. Cruzamo-nos com eles na rua: até passariam desapercebidos não fora o rosto, os olhos espezinhados pela vida e aquela carga insuportavel de miséria e desespero que se lhes adivinha na alma!
Ao lado estão vários lugares sobre este tema. Entre neles e vá até onde quizer. Depois, se puder, faça alguma coisa de concreto. Nada nos garante que, daqui a algum tempo, não seja um de nós – um amigo, um familiar – a estar naquelas condições. Demais, segundo dizem, o pior pecado é o da omissão."

fonte - mcg.no.sapo

E tu jantas hoje?



- Onde vais jantar?
- Eu hoje não janto. E tu?
- Eu também não.
- Calha bem. Vamos Passear por aí e não jantamos juntos...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

sem amor, nem abrigo

 
"Sem amor, sem abrigo" Numa acção de protesto, um indivíduo colocou esta manhã um cartaz com a inscrição "Sem amor, sem abrigo" na Ponte 25 de Abril, em Lisboa.
Jornal Público, 21 de Dezembro de 2006

Olhemos o que se passa na maior parte das cidades. Há uma variedade de pessoas que se encontram temporariamente na rua. O errante, o sem-abrigo, o mendigo, o "clochard", o vagabundo, o sem domicílio estão omnipresentes nos aglomerados urbanos desde os tempos mais remotos. As sociedades desenvolvidas, ainda hoje, carburam de uma forma industrializada. Cada coisa no seu lugar, cada pessoa no seu posto, cada instituição na sua missão específica, cada cidadão na sua casa. Somos adeptos cegos de duas regras de vida em sociedade: habitar e trabalhar. O sem-abrigo ocupa o espaço de outra forma e muito mais passivamente o seu tempo. Nos espaços públicos, nos seus percursos, parece dirigir-se para lado nenhum, em longas horas vazias nunca fazer nada, ou servir ninguém. Por isso, torna-se aos olhos da maioria um objecto de agitação e um ser incómodo.

O sem-abrigo é um"corpo estranho no caminho", mas tem “alma”, uma dinâmica interior, feita de recordações, sentimentos, mágoas, desejos, paixões e mesmo expectativas. Tem direitos, que esquecemos, como o de utilizar os espaços públicos, de deambular nas ruas, de se sentar nos parques, de abordar e falar aos passeantes, de se sentar num estabelecimento para tomar um café ou de gritar pedindo socorro.

Talvez por tudo isto ou por razões que me passam ao lado, numa acção de protesto um indivíduo colocou ontem de manhã um cartaz com a inscrição "Sem amor, sem abrigo" na Ponte 25 de Abril, em Lisboa. Não é ficção, nem de poesia se trata, aconteceu…



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Lisboa: Mulheres sem-abrigo são cada vez mais jovens



As mulheres sem-abrigo
O número de mulheres sem-abrigo aumenta de ano para ano, sobretudo nas gerações mais jovens, revela um estudo da Fundação Assistência Médica Internacional (AMI). O mesmo trabalho acentua que as causas e efeitos deste fenómeno não têm sido suficientemente estudados em Portugal e defende que é «necessário entender melhor as causas que conduzem as mulheres à situação de ser e estar sem-abrigo em dado momento das suas vidas».

Ser sem-abrigo, significa estar privada(o) de alguns dos direitos que a democracia participativa prevê estarem ao alcance de toda(o)s a(o)s cidadãs e cidadãos remetendo-os assim para uma situação de pobreza e exclusão difícil de inverter no sentido da inclusão social, explica o estudo, para descrever as «vítimas de pobreza extrema».

O estudo da AMI afirma que as mulheres sem-abrigo de Lisboa são mais jovens do que os homens, estão desempregadas ou têm trabalhos sem descontos para a Segurança Social e aponta para uma condição de «dupla discriminação».

«A pobreza coloca-as numa situação de dupla discriminação em relação à maioria das mulheres», refere o trabalho a que SexoForte.net teve acesso. E sublinha que «na vida destas mulheres a família ou o Estado não tiveram um papel protector ou gerador de autonomia».

«Este perfil de mulher não se enquadra em nenhum modelo social», adianta o mesmo estudo da AMI, sublinhando que vivem casos de «nudez social». E adianta: «Ela é vítima de pobreza extrema, uma espécie de fim de linha, na vida dela quase tudo falhou».

A investigadora Ana Ferreira Martins, da Fundação AMI, desenvolveu este estudo, com o qual venceu o Prémio Municipal Madalena Barbosa, de Promoção da Igualdade de Género.

Ana Ferreira Martins ouviu utentes dos centros da AMI de Lisboa, em Chelas e Olaias, entre Janeiro de 2003 e Dezembro de 2006, e confirmou as conclusões de trabalhos anteriores segundo os quais as mulheres são minoritárias na população de rua: no período em análise, os serviços da AMI foram procurados por numerosos utentes, sendo que 20 por cento destes eram mulheres.

O número mais elevado das que recorrem a esta organização tem entre 21 e 39 anos. Os homens que pedem assistência têm, maioritariamente, entre 30 e 49 anos.

As mulheres sem-abrigo apresentam percentagens ligeiramente superiores em relação aos homens de integração profissional, sobretudo em tarefas pontuais de limpeza, que estão fora do mercado de trabalho legal e sem efectuar quaisquer descontos para a Segurança Social.

A investigação de Ana Ferreira Martins alarga o conhecimento sobre a problemática das mulheres sem-abrigo em Lisboa, relaciona as questões de género nos sem-abrigo com as causas e efeitos sociais que conduzem à situação de sem abrigo. Além disso, «compreende uma abordagem biopsicosocial das variáveis implicadas no fenómeno e o seu relacionamento com factores geradores de inclusão e de exclusão social.

Na Europa

Em toda a Europa este fenómeno é reconhecido como um grave problema social. Algumas das causas de ser sem abrigo são conhecidas e comuns a ambos os sexos.

Segundo a AMI, «na quarta revisão de políticas dirigidas para o problema do(a)s sem-abrigo na Europa, realizado pelo Observatório on Homelessness e editado pela Federação Europeia das Associações Nacionais que Trabalham com Sem-Abrigo (FEANTSA), em 2006, falou-se no fenómeno social do(a)s sem-abrigo como sendo pluridimencional e que requer uma abordagem complexa».

O trabalho especifica que «para que esta seja adequada temos que recorrer a diferentes medidas de variados domínios políticos, habitação, saúde (particularmente saúde mental), emprego, formação, justiça e protecção social, de modo integrado e inter-relacionado». E acrescenta que o leque de medidas é muito vasto, passando pelos serviços ou mecanismos de emergência (acomodação temporária, equipas móveis de rua) a um trabalho em rede entre os cuidados de saúde, psiquiatria e instituições de formação, autoridades públicas, assim como as ONG (Organizações Não Governamentais) e outras que contribuem para a integração social».

Adelaide Monteiro: Sem Abrigo


Ah, Poema!
Como eu queria libertar-te
Dessas roupas andrajosas!

Ah, Poema!
Como eu queria dar-te
O pão
A ti
E ao teu irmão!

Vives no mundo
Que não é teu
Despido de letras de esperança
Em sílabas de indiferença.
Dormes em buracos
De livros não lidos
Declamas-te em gritos não ouvidos
És letra de canção não cantada
És resto duma vida amaldiçoada

Ah, Poema!
Junta a tua voz
À de todos os infelizes
Que surgiram
De letras
Deste mundo atroz.
Insurjam-se bem alto
Em voz bem colocada
Comigo
E com todos os poetas
Que vos pariram
E lançaram no asfalto
De rua amaldiçoada

Ah Poema, maltrapilho
Neste mundo de egoísmo
Que não te liberta
Não te dá o pão
Não te dá nada! 


As aves sem-abrigo da minha cidade
Rogério Martins Simões
 
Já não confio no Sol,
e no claro dia,
que davam visibilidade à esperança
quando as flores
nem se pisavam nos canteiros…
 
Era proibido pisar a relva! …
Antes assim!
Que este estado de coisa nenhuma…
Quando muitos,
há muito,
deixaram de viver…
 
A exclusão social
todas as noites acorda
no desassossego…
Nas filas que ainda…
ordeiramente se erguem,
na espera,
por um prato de sopa
ou por um pedaço de pão.
 
Retemperam-se os corpos
Agonia dos mais desesperados,
Olvidados, excluídos da sociedade,
dos poderes políticos e dos governantes.
 
A explosão social não dorme! –
Não tem por onde ficar…
A vergonha vai perdendo o medo
ou a noite está a chegar
cada vez mais cedo…
 
Sorte têm os pardais…
ou os estorninhos…
que ensaiam bailados
nos céus de Lisboa.
 
Ontem saí mais tarde!
O céu estava cinzento carregado.
Fazia frio!
Era cedo ainda a noite!
Era tarde já o dia!
Lá estavam…
As aves sem-abrigo,
da minha cidade,
agonizando
e pachorrentamente embrulhadas
em cartões não recicláveis.
 
Esta noite
toda a noite choveu!
Pela manhã
uma fresta de luz rompia,
do céu cinzento,
não deixando esfriar as pedras aquecidas
nos corpos da madrugada…
 
Lisboa, 01-01-2009