domingo, 16 de maio de 2010

Entrevista da FHM a um Sem-Abrigo - “Nobre Vagabundo”


Esta entrevista fala da vida de um sem abrigo, Marco Caravela de 30 anos que se encontra a dormir no Terreiro do Paço, em Lisboa.
Em apenas 35 perguntas, algumas bastantes banais outras deveras importantes e sobre as quais não fazemos ideia de qual será a resposta até as lermos e surpreendermo-nos.
Marco dorme mais precisamente em Alcântara debaixo de um viaduto, pois é um local protegido e onde está menos exposto ao frio, contudo tem que mudar de sítio, pois por esta altura faz imenso frio à noite nas ruas de Lisboa. Geralmente procura lugares quentes e abrigados, deste modo já dormiu nos antigos armazéns do Porto de Lisboa e no Saldanha. Considera ainda que os melhores sítios para passar as suas noites são perto no aeroporto por causa das condutas de ar quente e no Parque das Nações. Para suportar o frio de rachar do nosso país marco vive ao contrário das outras pessoas, de noite anda de um lado para o outro e dorme mais de dia, mesmo assim para se manter no mínimo quente usa várias camisolas, casacos e cobertores.
É através da instituição Comunidade Vida e Paz que consegue a maioria das suas refeições, todas as noites no Terreiro do paço estão a distribuir comida. Além disso tenta apanhar algum peixe com a sua cana de pesca.
Para ganhar algum dinheiro, marco arruma carros, pede esmolas e trabalha na vida nocturna como prostituto, no parque Eduardo VII. Trabalha nesta vida porque considera que só com esmolas não consegue sobreviver. O dinheiro que ganha gasta para beber café e comprar comida.
Apesar destes contras todos referidos acima, tem uma namorada também prostituta e conheceram-se no mesmo local onde ele trabalha à noite mas esta não é sem abrigo e tem a sua própria casa. Também já teve um relacionamento com uma mulher durante 3 anos, por oposição à actual, esta era sem abrigo mas acabou por abandoná-lo.
Este sem abrigo considera que as pessoas olham os sem abrigo muitas vezes de lado na rua e tratam-nos como drogados e como diz na entrevista “Uma pessoa não é má só porque não tem a barba feita ou porque não tem dentes” , o último facto deve-se porque ele é seropositivo há treze anos e ficou infectado através de relações sexuais. Não toma qualquer tipo de medicação porque considera-se bem e compara-se a uma gato de sete vidas, logo não tem medo da morte. Devido á sua doença recebe do estado um subsídio de €395 que diz enviar á sua filha de 3 anos que mora com a avó e por motivos de orgulho ele não se junta á sua família.
Marco toma banho todos os dias, nos balneários públicos de Alcântara mas tem muita dificuldade em arranjar roupa nova e por isso usa constantemente a mesma roupa durante vários dias.
Mantém uma boa relação com os outros sem abrigo mas com a Polícia nem por isso, relata que estes fazem muitas rusgas e nestas levam as poucas coisas que eles têm.
Com a crise este homem vez cada vez mais pessoas a viverem nas ruas de Lisboa e culpa os estrangeiros pela falta de emprego em Portugal. Ele próprio já tentou procurar trabalho mas é sempre rejeitado quer na hotelaria quer na construção civil, segundo marco nesta última dão prioridade aos estrangeiros. E não é pelo facto de ser sem abrigo que não arranja um trabalho mais digno.
A meio da entrevista marco conta porque motivo acabou por se tornar num sem abrigo. Isto deveu-se à perda do seu emprego, pesca do bacalhau, que fez com que perdesse a sua casa. Chegou a ser preso mas diz que foi injustamente, no entando a policia encontrou no carro que conduzia heroína e isto levou-o a passar cinco anos e meio na prisão.

Esta é apenas uma história de muitas das NOSSAS ruas de Lisboa. Uma cidade Linda de Dia e de Noite mas que esconde tantas caras como a de Marco.

Entrevista: José Mascarenhas

Postado por: Jéssica Ribeiro

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pobreza em Portugal não pára de crescer

"Os portugueses continuam a empobrecer". A conclusão é da Assistência Médica Internacional de acordo com dados recolhidos no primeiro semestre do ano.

Assistência Médica Internacional (AMI) diz que há uma nítida tendência para um crescente número de casos de pobreza e que a grande maioria das pessoas que pede auxílio encontra-se em plena idade activa, entre os 21 e os 59 anos de idade.

A dois dias de se assinalar o Dia Internacional para Erradicação da Pobreza, a AMI refere que 5201 pessoas procuraram o apoio social da organização. "Mais 506 que em igual período de 2008 e um número que se aproxima perigosamente dos totais anuais de anos anteriores (em 2004, o número total foi de 5929)", refere. Em comparação com o primeiro semestre do ano anterior, verifica-se um aumento de cerca de 10%.

No primeiro semetre deste ano, quase duas mil pessoas recorreram pela primeira vez ao apoio social da AMI, "mais 24% que durante o mesmo período no ano anterior"

A maioria da população que recorreu aos centros Porta Amiga encontra-se em situação de desemprego (80%), tendo como principais recursos os subsídios e apoios institucionais e o apoio de familiares ou amigos.

Relativamente ao Rendimento Social de Inserção (RSI), verificou-se um aumento do número de beneficiários comparativamente ao mesmo período do ano passado.

Ainda segundo a AMI, o serviço que maior procura registou neste período de tempo foi o de distribuição de géneros alimentares, roupa e medicamentos.


Retirado de: jn.sapo.pt
Data: 15 de Outubro 2009

Postado por: Jéssica Ribeiro